Séries Addict

Archive for fevereiro 2010

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“Blood for blood, is the Tauron way”. A frase acima pertence ao Piloto de Caprica, que eu estava reassistindo agora para relembrar os acontecimentos, e mais importante, as relações. Há muitos detalhes que passaram despercebidos quando eu assisti o piloto de mais de uma hora há meses atrás, e depois desse ‘Reins of Waterfall’, eu senti a necessidade de voltar e procurar por esses detalhes.

A sentença proferida por Sam Adama, o braço mafioso da família de imigrantes, ganha no último minuto desse terceiro episódio nova importância. Lá atrás, Joseph Adama queria exercer seu luto de sua própria maneira. Ele estava ocupado tentando manter as coisas em seus lugares, e se conectando com o bilionário Daniel Graystone através de seus sofrimentos mútuos e um maço de cigarros dividido em um café humilde (e posteriormente um jogo de Piramid e um roubo de tecnologia avançada).

Joseph havia se afastado da idéia de vingança através daquilo que Daniel lhe ofereceu, um ombro amigo que entendia sua situação e esperança. Mas com a revelação de Amanda no episódio passado e a confirmação de que Tamara se foi (porém não da maneira que ele e Daniel imaginam), Joseph se virou para a tradição e para o seu ódio, e em uma cena de total simplicidade, porém sinistra, deu ao seu irmão a benção que este esperava para procurar vingança e exigiu o assassinato de Amanda Graystone, para ‘equilibrar’ as coisas.

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Eu não sei como os roteiristas vão criar uma saída para esse subplot, que não seja um dos irmãos dando para trás, mas eu não acho que iremos nos despedir da ótima Paula Malcomson tão cedo. E eu realmente espero por isso, porque eu aprecio imensamente o fato de Amanda ser a única personagem principal da série que reage a todo esse drama externando toda a sua perturbação por todos os poros, em uma histeria aberta e honesta. E por que ela não deveria ficar histérica, com a descoberta ainda tão recente (e equivocada) de que sua filha se suicidou e assassinou centenas de pessoas ao mesmo tempo?

Eu gosto da maneira como Amanda foi construída e gosto ainda mais da maneira como sua relação com Daniel foi construída, com os dois se unindo frente à tragédia, ao invés de se afastando (como eu achei que ocorreria no piloto). A cena dos dois foi uma das melhores de ‘Reins of Waterfall’, aliás. Uma mistura de discussão extremamente dramática sobre as ações de Amanda, com uma pitada de ternura entre um casal que parece ‘concordar em discordar’ e simplesmente seguir em frente e muito apelo cômico com as várias piadas inseridas no diálogo, culminando Amanda e Daniel decidindo transar ali mesmo e Zoe, presa no robô, tentando evitar assistir.

Voltamos aos Adama, é engraçado que de todos os personagens da família, o único de quem não consigo gostar seja justamente o que se transformará no protagonista de BSG, Willie, mesmo que eu tenha visto quase nada de BSG. Talvez seja porque ele é criança e ainda não tem uma personalidade formada, e o show queira mostrar essa formação. Talvez seja porque o ator é fraco e inexpressivo. Ou porque eu já tenho a minha cota de rebeldia (mesmo que seja com causa) com a mala da Zoe.

Porém Joseph é um personagem maravilhoso e complexo, seja na construção da sua relação com os Graystones, seja no seu trabalho. E Sam, à medida que ganha destaque, se torna mais e mais interessante. Eu gostei da casualidade com que sua homossexualidade é tratada, mas o que me chama a atenção mesmo é como ele pode ser esse sujeito afetuoso, fazendo piada no jantar de família em um segundo, e um homem totalmente impiedoso disposto a assassinato no próximo. Ele simplesmente é aquele tipo de gangster que nós amamos, um tipo Scorsese.

E ainda temos Tamara, que pode até não ser ‘real’, mas é impossível não percebê-la como humana e não sentir um pequeno horror do fato dela ter ficado trancada naquele quarto escuro por semanas. Contudo, por mais que ela pareça ter o caráter forte dos Adama, eu também não consigo não sentir certa ansiedade de imaginar o avatar sozinho no V club, sem saber que é apenas um avatar e tentando encontrar um caminho para casa.

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Ainda Tamara seja uma personagem muito mais interessante que Zoe, entre os adolescentes eu fico com Lacy. É quase impossível não sentir pena da garota. Como vimos, ela não é nada como Zoe. Não é rica como Zoe, não tem pais que liguem para ela (mesmo que os Graystones e Zoe nunca tenham conseguido realmente se entender), não é tão inteligente e não tem a confiança. Não é difícil entender como Zoe a manipulou desde sempre e como o avatar/robô seguirá pelo mesmo caminho, se a cena no V Club indica alguma coisa, e o isolamento de Lacy unido à perseguição perpetuada pela irmã Clarice não ajudam.

E irmã Clarice, que apesar de ser a única outra personagem junto com Willie que me irrita em todos os níveis, ainda é uma das mais importantes e muitas de suas cenas nos introduziram a pedaços importantes da mitologia de Caprica, mas nenhum tão importante quanto sua confissão/reunião secreta via holoband.

Clarice casualmente deixa escapar o termo Apotheosis, que para quem gosta do Google quanto eu, é algo revelador. O termo tem várias significações, mas talvez a que mais importe aqui é aquela que se relaciona diretamente com nossa religião monoteísta e que basicamente sugere a possibilidade de um mortal obter status divino (Jesus Cristo). O que cria a questão, quem seria Cristo na metáfora? Zoe ou o Avatar? Eu estou pensando no Avatar, afinal, Zoe seria a criadora, não? Mas se ela criou vida, isso não a elevaria a um status de divindade? Acho que teremos de esperar e ver.

Post publicado previamente no meu novo blog AbouTv Series. Lá vocês encontrarão mais review de Caprica e diversas outras séries.

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Então, funcionou. E ao mesmo tempo, não funcionou. Mas para ser honesta (e talvez eu vá soar um pouco amarga e difícil) quando o mundo já complexo de LOST se partiu em dois mundos complexos, eu não consegui me sentir feliz pelos Losties. Primeiro, porque a imagem da Ilha debaixo da água só conseguiu me fazer pensar em todas as pessoas que devem ter morrido para que os Losties conseguissem voltar as suas vidas. E também porque não consigo deixar de concordar com Locke-falso que a principal falha dos Losties é justamente não querer enxergar o quão patéticas suas vidas eram. E as chances que eles receberam na Ilha foram pulverizadas.

Jacob pode chamar isso de progresso, mas eu estou com o homem de preto nessa. É destruição, e faz com que eu não me importe em ver os nossos heróis conseguirem chegar a salvo em casa.

Por outro lado, isso não estranhamente não afetou o meu aproveitamento do episódio especial duplo. Eu me senti emocionada com os momentos mais dramáticos e positivamente surpresa com as novas revelações e confirmações, foi ótimo ver a mitologia continuar a se desenvolver a passos largos e a cortina se abrir para essa nova parte instigante de universo. E por mais que eu estivesse (talvez injustamente) irritada em ver os Losties indo para casa, quando essa casa era para quase todos eles uma realidade miserável, eu me senti nostálgica pela primeira temporada.

Foi impossível não sentir aquela pontinha de cumplicidade com o show ao ir descobrindo as diferenças entre o vôo 815 da realidade alternativa e o verdadeiro, que vimos há seis anos atrás, em uma espécie de jogo dos sete erros bizarro. Locke ainda era aquele homem sereno, apesar de tudo, e sábio. Ainda era aquele homem que apesar da cadeira de rodas e angústia quieta que exalava, nos trazia uma imensa sensação de paz. E foi interessante, para dizer o mínimo, vê-lo criando uma conexão totalmente diferente com Jack.

E Jack, que virou um dos personagens que mais detesto, em uma época que seu complexo de herói ainda não me irritava, sendo que essa época é agora. Foi estranho. Em um minuto eu estava bem com o Jack e a Kate também, no avião e no aeroporto fazendo o tipo de coisa que eles fazem, Jack acreditando que pode salvar o mundo, Kate tentando fugir, e no outro estávamos de volta na timeline normal, e eu não sentia mais essa animosidade. Talvez tudo aquilo que eu tenha aprendido a odiar nos dois seja o peso da responsabilidade deles dentro da série.

Por que eles não deveriam se focar nas coisas pequenas e em si mesmos na timeline alternativa? É a vida deles! Mas quando eles estão na Ilha, o papel deles muda. Como Swayer coloca para Jack “Você fez isso”. Sim, o Jack fez. Mas não fez sozinho. Todos eles o ajudaram, em maior e menor grau, a causar aquela explosão, e tudo o que derivou dela, bom ou ruim.

O mesmo pode ser aplicado a Ben, que do outro lado da Ilha, passava por uma experiência totalmente diferente, porém similar demais. E eu acho que não só Ben não faz a mínima idéia do tamanho da besteira que fez ao matar Jacob, nós também não. Posta toda a comoção de lado, não consigo imaginar o que a morte de Jacob representará em termos práticos, além, é claro, da dominação do Monstro sobre a Ilha. Mas ele quer ir para casa, e eu fiquei com a impressão de que essa ‘casa’ será o motivo de uma Guerra e tanto.

Por enquanto, é apenas imaginável que seja o Templo, que finalmente vimos, mas estou achando essa resposta simples demais. E o Templo, junto com seus moradores, representa uma grande resposta que há muito esperávamos e foi interessante, mas pela primeira vez não fiquei com aquela sensação de arrepio, de assombro, ao vislumbrar um dos grandes segredos de Lost. Muito mais impactante foi a simples cena em que o falso Locke se revela o Monstro, mata os guarda-costas de Jacob e com isso também descobrimos para que afinal servem as cinzas. A atuação de Terry O’Quinn estava magnífica durante todo o episódio, mas nessa cena estava ainda mais. Ele conseguiu fazer toda a maldade do homem de preto de repente se revelar, em apenas uma expressão facial.

Então agora que temos novo contexto e novos jogadores, e dois tabuleiros diferentes, estamos um pouco mais perdidos, mas eu gostei da cara desse novo jogo e acho que vem sim uma temporada histórica por aí. Darlton tire todas as nossas as dúvidas, ou não.

O que mais aconteceu:

  • Decidi não comentar direto na review, porque era provável que eu ficasse a review inteira falando disso. Mas achei a morte final da Juliet ainda mais cruel do que o vimos na finale. Sim, era perverso ela morrer sozinha, no fundo de um buraco, tentando explodir uma bomba em um plano bizarro só para salvar Sawyer. Mas ela morrer nos braços dele daquela maneira foi de partir o coração. Por um segundo achei que a coisa muito importante que ela tinha a dizer fosse sobre uma possível gravidez (lembrei dela com a mão sobre a barriga) e fiquei feliz que não foi, porque seria horrível demais, não? Elizabeth Mitchell esteve ótima nessa sua breve aparição, mas foi o Josh Holloway que fez o trabalho emocional pesado. E que trabalho! O desespero e o ódio de Sawyer eram palpáveis.
  • Desmond estava no avião. Como e por que, eu não sei. Mas obviamente se a Ilha afundou, Des nunca foi parar lá. Devemos assumir que ele e Penny estão juntos e felizes no mundo alternativo também? Eu espero que sim. Acho que Desmond deve voltar a ser muito importante agora que Faraday está morto. Ele é quem pode acabar conectando as duas timelines (e eu realmente acho que elas vão se tocar em algum ponto). Uma possível Constante?
  • O Monstro/Locke/Homem de Preto menciona que a última vez que viu Richard, ele estava usando correntes. Acho que é a evidência mais sólida que tivemos até então de que Richard estava sim no Black Rock.
  • Eu sempre adoro a trilha de Lost, mas teve momentos aqui em que ela até se tornou protagonista. A cena em que todos saem do avião por exemplo, tem uma música extremamente marcante. Palmas novamente para Michael Giacchino, gênio.

Post publicado previamente no meu novo blog AbouTv Series. Lá vocês encontrarão mais review de LOST e diversas outras séries.


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